sexta-feira, 9 de maio de 2008

"Eu não pedi pra nascer"

Esse é uma dos primeiros protestos em que pensamos em fazer quando alguém que seja responsável pelo nosso nascimento nos fere injustamente. Nada mais justo, não?Foi como me senti há alguns minutos, talvez como eu tenha me sentido a vida toda por nunca estar à altura do posto de filha da mãe que tenho.
Talvez você possa pensar que eu sou mais uma daquelas adolescente revoltadas, fase em que todo mundo diz que existem desavenças entre mãe e filha, provavelmente em razão de como cada uma acaba encarando seu papel nessa fase. Talvez exista um pouco desse drama familiar, mas somente entende minha situação quem passou a vida sendo lembrado do quanto é incapaz de fazer algo aproveitável.
Honestamente não lembro de uma só coisa que eu tivesse desejado e minha mãe soltasse uma do tipo: "Não sei pra quê. Só gastar dinheiro... Pra quê? Só besteira... Tu não tem jeito, já tá gastando dinheiro com besteiras... Êita, mas toda hora tu inventa uma coisa"... etc, etc, etc
Com o passar do também eu acabei preferindo ser torturada a dizer o que mais eu queria fazer nessa vida. Prefeira guardar pra mim, ela não me deixava nem sonhar?!? Ela me educou pra pedir uma só vez, e eu aprendi bem! Se a resposta fosse sim, não tinha problema, se fosse não...era melhor nem insistir, era arriscado além de levar um não ainda ouví-la reclamar do que eu queria fazer.Eu qria tanto agradá-la que abri mão muitas vezes do que quiz fazer para não deixá-la irritada, ou chateada comigo. Um dia ela me esculhambou na ferente do meu primeiro namorado e tudo mudou. Estávamso os três na sala sentados no sofa,ela me chamou de tudo quanto é coisa, e ficamos calados, ela saiu da sala e eu me danei a chorar. Ele olhou pra mim sério e perguntou: "Porque tu estás chorando?", eu respondi "Poxa, tu não ouviu as coisas que ela falou de mim???","Sim","Então?","Mas ela só falou isso porque não te conheçe, agora eu te conheço e te falo que tu não é nada daquilo que ela falou!". Foi a última vez que chorei por causa dela.
Então decidi que nunca mais ia me importar com o que ela pensasse e que nunca mais abriria mão do que eu quero por causa dela! Por essa razão, conquistei nos ultimos 6 anos o que nunca consegui em 16. E hoje eu faço as coisas de que sempre tive vontade e nunca pude porque ela me fazia desacreditar.

Foi assim que mamãe me ensinou

Acordei hoje por volta das 10 e meia completamente destruída. Parecia que haviam me dado uma surra na noite anterior. Apesar de eu ter dormido 5 horas e meia(mais que as 5h q durmo durante a semana) parecia que eu havia passado a noite toda dançando... rsrsrs, e havia mesmo...
Ontem recebi um adiantamento no serviço e saí com meu namorado/ vizinho pra uma boate GLBTS aqui da minha cidade. Dançamos por horas, no entanto estávamos um pouco distantes. Como explicar... funciona assim: se você sai com alguém pra dançar você sai pra dançar com aquela pessoa certo?... comigo é um pouquinho diferente...
Por alguma razão eu não sou eu lá dentro, vai parecer papo de lunático, mas me transformo. A questão é que de alguma forma é como se eu mudasse, ou talvez lá eu me torne mais eu mesmo do que normalmente sou. Há um Q de sensualidade naquele lugar, não tem como ficar tímido alí. Mas até aí tudo bem... só que o porém é o fato de eu dançar sensualmente não pro meu namorado/vizinho, nem pros outro carinhas (heteros) que dançavam alí... mas pra outras mulheres.
A hst é antiga. Quando eu tinha 8 anos tive uma "amiguinha" um ou dois anos mais velha com quem muitas manhãs e tardes passei brincando. Nossas mães eram amigas e enquanto fumavam na cozinha acompanhas de uma café preto (ou sem leite, como preferir), ficávamos no quarto dela brincando de "casinha". Como éramos só nós duas alguém teria que fazer o papel do pai, e normalmente ela que fazia. Ela era loira, lábios carnudos e olhos cheios de desejo (se não, vai ver eu acabei crescendo com a fantasia de que ela fosse assim). Enquanto brincávamos muitas vezes ela tentou me beijar na boca, no começo eu colocava a mãe na boca e ela beijava por cima, depois ela tirou minha mãe explicando que assim não tinha graça e a gente trocava um selinho ou outro, sem maldade (pelo menos da minha parte).Cada vez que acontecia se tornava mais gostoso. Quando a gente se abraçava, sentir o corpo dela no meu era também muito prazeiroso.
O tempo passou e não nos vimos mais. Agora ela já se tornou uma mulher, casou há quase dois anos e tem um filho. Os traços apesar de terem amaduirecido com o tempo não mudaram... mesmo assim eu daria qualquer coisa pras entir aquele beijo de novo.
Acho que foi aí que começou tudo. Mas nunca levei esse desejo adiante porque havia sido educada para ser hetero (como todos nós não é mesmo?). Tive um namorado antes desse atual e nunca senti tanta vontade de me render a uma mulher como agora, acho que por causa da minha amiga tenho um enorme desejo por loiras. Eu sou hetero, mas tenho tara por mulher.
Tudo isso me veio a mente naquela noite, olhava aquelas mulheres me desejando e era inevitável não me exibir pra elas. Já meu namorado/vizinho não estava muito satisfeito (claro)... aí num teve jeito, tive que abrir o jogo com ele... que brincou dizendo "acho que tu ia mesmo gostar de uma mulher te ch...par", "ei pow, perai, não é só chegando e ir pegando não!" - respondi! E ele completou "eu sei... não é todo homem que tem a horna de te tocar". De repente, como uma filme mental, me vieram em mente todos os homens que já haviam me pego de jeito antes e durante meu relacionamento, até com o carinha da escola onde eu acava de me matricular, com quem fiz sexo por telefone quando tinha 16 anos mesmo sabendo que no dia seguinte iria encontrá-lo na sala... Encostei no ombro dele e disse que o amava, aí cochilei no ônibus de volta pra casa.